Postagens populares

sábado, março 09, 2013







2ª série
Projetos Literários / I bimestre / 2013


Se você pretende participar de um vestibular, concurso público etc., saiba que se exige cada vez mais o domínio da verdadeira leitura. Ler é (inter-)relacionar, é pensar, é ir atrás do que não se sabe. 



Três Mistérios - Col. Três Por Três - Conforme a Nova Ortografia
9º ano

1ª Série
Clube dos Leitores de Histórias Tristes
7º ano

segunda-feira, março 04, 2013


Eufemismos da vida


Prosopopéia flácida para acalentar bovinos
(Conversa mole pra boi dormir)
Colóquio sonolento para gado bovino repousar
(história pra boi dormir)
Romper a face
(Quebrar a cara)

Creditar o primata
(Pagar o mico)

Derrubar, com a extremidade do membro inferior, o suporte sustentáculo de uma das unidades de acampamento
(Chutar o pau da barraca)
Deglutir o batráquio
(Engolir o sapo)

Colocar o prolongamento caudal em meio aos membros inferiores
(Meter o rabo entre as pernas)

Derrubar com intenções mortais
(Cair matando) 
Aplicar a contravenção do Dr. João, deficiente físico de um dos membros superiores
(Dar uma de João sem braço)
Sequer considerar a utilização de um longo pedaço de madeira
(Nem a pau)

Sequer considerar a possibilidade da fêmea bovina expirar fortes contrações laringo-bucais
(Nem que a vaca tussa)
Sequer considerar a utilização de instrumentos metálicos derivados do ferro
(Nem ferrando)

Derramar água pelo chão através do tombamento violento e premeditado de seu recipiente
(Chutar o balde)
Retirar o filhote de eqüino da perturbação pluviométrica
(Tirar o cavalinho da chuva)
De acordo com o produto da atividade legislativa
(legal)

TEXTO BEIJOS E ABRAÇOS  

                             LUIS FERNANDO VERISSIMO

         


Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca…
Te chama de nomes que eu não escreveria…
Não te vira com delicadeza…
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar….
Sem querer apresentar pra mãe…
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral…
Te amolece o gingado…
Te molha o instinto.
Sentir aqueles odores do outro, os fluídos…
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de
amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar
ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.
Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te
abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar para os outros e se orgulhar, pra dar o
primeiro abraço de Ano Novo e pra falar: “Qui que cê acha amor?”.
É não ter companhia garantida para viajar e falar besteiras…
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho… de conchinha.
É não ter alguém para ouvir seus dengos…
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.
Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você
flutuar.
Experimente ser amado…
Experimente ser cuidado…
Experimente estar com que topa tudo por você…
E tope tudo com ela…

“A vida é a arte de tirar conclusões suficientes de dados insuficientes”

(Luiz Fernando Verissimo)